quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Óscar à trois


Juro que fiquei emocionado. Consegui esconder o quão excitado estava com a ideia ao deixar transbordar somente um ligeiro sorriso. Levantei-me e dei-lhe um fervoroso aperto de mão e voltei a sentar-me. A minha cabeça borbulhava com ideias, com ramificações daquela ideia base, daquele conceito. 

"Genial!" - escrevi eu.

Estava no "papo". Era aquilo que procurávamos. Era aquela a ideia que nos iria levar a um desfecho vitorioso. Tive logo a certeza... e ele também.

"E tu minha menina vais-te juntar a nós..." - disse-lhe em tom de brincadeira, deixando claro que um "não" estaria fora de questão.

A verdade é que ela se tornou uma pessoa muito especial para mim. Uma pessoa que profissionalmente muito admiro e respeito. E tê-la na equipa dava-me automaticamente outro alento.

Ele já nem conseguia pensar noutra coisa... e em boa verdade, nem eu. Combinámos ficar os 3 no escritório até mais tarde nessa noite para discutirmos ideias e conceitos. E é nestas alturas que percebemos o poder da motivação das pessoas. E do que são capazes quando tomam os projectos como seus. Fosse por outro motivo e talvez não tivessemos ficado de bom grado várias horas em "brainstorming".

Aqui tínhamos 3 pessoas de áreas diferentes num universo empresarial de 5 áreas... mas com um denominador comum: derivados de "IT". Achámos que deveríamos explorar as outras 2: marketing e design.

Olhando para trás, encontro realização na proporção que a ideia tomou, na volta que soubemos dar ao conceito inicial, a todos os novos segmentos e ramificações que surgiram e ao potencial que se encontrava por trás de cada um deles. O BluEgo poderia ser uma realidade. E todos havíamos feito parte disso.

Empenho. Entrega. Dedicação. Não faltou nenhum... e isso apenas se pode traduzir em vitória!

Mas a vida não são apenas vitórias. Existem também derrotas. E também elas assumem um papel importante na vida. É importante saber perder. É importante perder para compreendermos o valor de ganhar. Torna-nos humildes. Desafia-nos a melhorar e a crescer. Torna-nos mais competitivos.

Lembro-me de forma um tanto ou quanto vaga de alguém uma vez me ter dito que ao contratar um executivo, preferia aquele que já tivesse falhado uma ou mais vezes ao invés de um que apenas tivesse conhecido o sucesso. A explicação era simples: o primeiro já sabia o que evitar e de como evitá-lo... e já o segundo podia apenas ter tido sorte até então e ainda não estar devidamente preparado. Neste seguimento recordo-me também de ter ouvido que falhar faz parte do processo de atingir objectivos. A descoberta científica de uma nova cura para o cancro representa uma ínfima fracção das tentativas feitas nesse sentido. Foi preciso falhar muito para conseguir chegar lá. Foi preciso não ter medo de falhar e continuar a tentar. Foi preciso aceitar um possível falhanço como um novo avanço.

"Oi... sabes quem ganhou?! A equipa de motion. Achas isto normal?!" - disse ela assim que atendi o telemóvel.

"Well, a ideia era boa... tem imenso potencial. Se era o tipo de coisa que estaríamos à procura... não sei. Mas não me choca..." - disse eu, sabendo perfeitamente que ela estaria a brincar.

"Estúpido, estou a gozar... GANHÁMOS!!!" - gritava ela, compensando o ruído ensurdecedor que o metro fazia ao chegar à estação.

A noite começara bem e abeirava-se agora a segunda vitória do dia. A multidão juntava-se. Ouvia-se "A Portuguesa" e os vendedores ambulantes promovendo um patriotismo interesseiro. Os cachecóis dançavam ao sabor do vento, ao som dos rios de cerveja e do crepitar das febras. Na práctica esta era a primeira vez que ia ver um jogo de futebol ao estádio. E Portugal ia dar uma "coça" à Dinamarca. Acho que não preciso de falar mais do jogo. Se o resultado foi justo? Não...

"Epá... o futebol tem destas coisas e até ao apito final é tudo jogo." - disse ele.

Se calhar tivemos sorte. Mas uma coisa é certa. Não temos medo de falhar.

1 comentário:

Unknown disse...

Tu também és uma pessoa especial para mim. Fostes a primeira pessoa que considerei um verdadeiro amigo, e como sabes tenho muito poucos. Aprendo imenso contigo, e sei que posso falar contigo sobre qualquer coisa... Este dia foi espectacular para mim, OBRIGADO por me teres incluído... A ideia era genial, mas quando a ouvi comecei a questionar se algumas das coisas seriam possíveis... mas depois percebi que isso não interessava muito, depois se alguém estivesse interessado, logo de pensava mais a fundo... Aquele “brainstorming” foi o que nos fez ganhar... tivemos imenso tempo para discutir como seria feito, rabiscar no papel, ter mais ideias... aquela sala era um poço de ideias..
Mas no dia, estava super stressada, tu fostes almoçar, ficas-te fora 2 horas, eu estava pelos cabelos... “mas aquele gajo não vem...”, mas depois lá apareces-te e tudo correu ás mil maravilhas, a apresentação foi espectacular, eu olhava para as pessoas e vi-as fascinadas, a quererem mais e mais... “não pares”, pensavam elas..., ri-me imenso nesse dia.
Depois pensava que tinha sido mais convincente... mas tu percebes-te que estava a brincar...

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