quarta-feira, 17 de setembro de 2008

O filho pródigo


Quantos de nós que vivemos em Lisboa, visitam o Mosteiro dos Jerónimos, deslocam-se até à Torre de Belém ou tiram fotografias ao Cauteleiro? Quantos de nós vão até ao Adamastor e olham para aquele pôr-de-sol como se fosse o último? Ou tiram uma fotografia com o Eça na Brasileira? Pois... é exactamente quando temos dados por garantidos que não apreciamos devidamente aquilo que estamos a ver, sentir e viver. Porque sabemos ou achamos que amanhã vão estar lá de novo. E mesmo que amanhã não nos apeteça, vão estar sempre lá à nossa espera...

Não estava nervoso nem tampouco ansioso. Não constituía novidade. Tudo me era familiar. Sabia para onde ir, como ir e o que fazer. Estava em casa de novo. Comprei o meu "one day travelcard - zones 1-6" e segui para o coração da cidade. Ia ser directo. Ia ser o mesmo caminho que havia percorrido tantas vezes.

"The next station is Picadilly Circus. Mind the gap." - disse uma voz que não se cansa com o passar dos anos, como que parada no tempo.

Foi quando cheguei à superfície que tudo mudou. Senti-me feliz. Senti-me em casa. Num sítio muito meu, cheio de boas recordações, de cheiros, cores e sons. A minha cabeça estava agora cheia de pessoas, locais, acontecimentos... parei e rodei sobre mim mesmo, olhando para todos os edifícios e pessoas, que indiferentes ao que sentia, seguiam os seus próprios caminhos. Peguei na máquina fotográfica e comecei a tirar fotografias. Comecei a pensar onde gostaria de ir a seguir e que fotos queria levar para não mais me esquecer. Para recordar.

Foram cerca de 4 horas a pé... sem parar. E nunca foi demais. Nunca fiquei cansado. Era o tempo que tinha disponível para voltar a encher a alma. E foi tempo suficiente para me lembrar o vício. Foi tempo suficiente para querer voltar e mais uma vez deixar tudo para trás.

Será que devo? Serão estes os melhores motivos? Deverei ceder ao que o coração me diz para fazer quando a razão me diz para ficar quieto? Onde me levou antes o coração? Não devo hoje o que tenho à razão? E será o que tenho hoje aquilo que quero? E quanto mais penso nestas e noutras questões, enquanto as peso na balança cega das decisões, onde frequentemente se vangloria a indecisão... mais compreendo que este é um capítulo que ainda não dei por terminado. É um assunto por resolver e que precisa de ser fechado.

Não sei quando, mas vou voltar. E quando voltar vai ser diferente. Desta vez... venho preparado!

1 comentário:

Anónimo disse...

vive a vida sempre intensamente!
faz como eu ;)

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