sábado, 13 de setembro de 2008

Nuestros hermanos


A minha percepção do povo brasileiro e do Brasil tem vindo a sofrer significativas alterações. Curioso. À medida que escrevo isto apercebo-me que o mesmo se deu relativamente aos espanhóis há alguns anos atrás. E em ambos os casos pelo mesmo motivo. Porque comecei a conviver com eles... e a conhecê-los.

Fui educado pela lobotomização nacionalista e pela perversão mediática. Sou um filho do pós-revolução. Temos uma identidade cultural fortemente assente em conflitos, frustrações e insegurança... pela nossa "pequenês". Receamos a investida económica espanhola, cedemos aos acordos luso-brasileiros e tudo isto porque já não somos os portugueses de há 500 anos atrás.

Comecei a dar-me com espanhóis em Inglaterra. O que facilitou. Éramos estrangeiros em terras de Sua Majestade e isso fez com que sentisse um elo de ligação diferente. E por isso permiti-me a conhecê-los e a confraternizar com eles. Acabei por perceber que não só desconheciam este nosso "ódiozinho" por eles como ainda por cima gostavam de nós. Que figura de parvo.

Os nossos irmãos atlânticos. As minhas primeiras impressões desde sempre estiveram contaminadas. Um simples "Oi?" em vez de um "Como?" chegavam a ser suficientes para me tirar do sério. Hoje em dia, "amo" o "irado", "animal" e "surreal". Talvez tenha tido sorte por ter conhecido brasileiros "super gente fina". Uma "galera" que gosta de "ir na balada". Apetece-me ou "tou afim"? Nós dizemos e eles "falam". Tem piada... segundo ela temos também uma divergência nos plurais. Será "morro de saudade de salada de aspárago" ou "morro de saudades de uma salada de espargos"? Quem sabe...

Da mesma forma que nem todas as portuguesas têm bigode, nem todos os portugueses se chamam Manel e nem todos são padeiros... também nem todos os brasileiros são calões que se limitam a apanhar côcos suficientes para os "chops" do dia. Nem todos são criminosos de favela. Estes são estigmas e preconceitos que se foram gerando ao longo do tempo e que facilmente poderão ser quebrados...

...basta nos querermos conhecer.

4 comentários:

Ricardo Fiel disse...

Oi cara! Que me gusta! Estô contigo :)

Anónimo disse...

Ui ui, sinto que está a crescer um gostozinho pela caipira e estamos apenas a arranjar pretextos para a consciência não se martirizar com as, até então, ideias xenófobas "rotulares" e poder ter alguma paz de espírito enquanto for conveniente. Valeu? ;)

oh my! disse...

Adorei, grande César!!!

Carolina Saraiva disse...

Estamos catequizando um português por vez...hehehe
ADORO VCS!!!

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