quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Os homens também choram


Quinta-feira. Como dita a instituição, existindo "quorum", juntam-se 2 ou mais "compinchas motards" para bebericar e divagar sobre as suas aventuras e desventuras motociclísticas. Hoje éramos 3... logo havia "quorum"!

Até aqui nada de invulgar. À hora habitual, lá estávamos no local do costume para dar início a uma noite que acabaria por se revelar diferente. E diferente foi o tema de conversa, que fugindo às habituais temáticas sobre o opulento busto de fulana ou às curvilíneas nádegas de sicrana, nos rematou para a religião, família... e amizade. E talvez o motivo pelo qual nos foi tão fácil dissertar sobre esta matéria foi porque os 3 sabíamos que estávamos perante amigos.

Amigos...

Palavra que no quotidiano empregamos com tal frequência que com o tempo acabou por cair na banalidade. Mas não era este o caso. Éramos e somos 3 amigos com "A" grande.

"O que é para ti um amigo?" - perguntou ele.

Esta questão caiu-me como uma bomba. Eu sei o que é um amigo. Mas falar sobre isso... como posso eu dizer o que é um amigo? Como posso eu por meras palavras descrever um sentimento tão nobre e substancioso como a amizade? Definir amizade é como definir amor... hercúlea tarefa! Mas poderá ser então a amizade uma derivação do amor?

"É uma pessoa que eu sei que estará lá por mim se precisar e por quem eu quero estar." - respondi. Pensando agora melhor no assunto acho que deveria ter acrescentado:

"É também uma pessoa por cuja companhia procuro e que quero que me procure, porque é nessa necessidade de reciprocidade, que se define o grau da relação."

A verdade é que poderia ter respondido exactamente da mesma forma se me tivessem perguntado sobre o amor. Sim, estaria incompleto... mas não incorrecto. Teria de falar de paixão também... mas essa agora seria outra história.
"E a família... consideras como amigos?" - perguntou o outro.

A verdade é que a família não se escolhe.

"Não... mas o meu irmão sim porque não é meu irmão." - disse, explicando de seguida o porquê da afirmação e clarificando a confusão.

"E quantos amigos tens?"- perguntou ele.

Ora aqui estava uma pergunta tão pertinente como traiçoeira. Se dissesse que tinha muitos estaria a desvalorizar os que considero amigos... se dissesse que tinha poucos, a verdade é que estaria a mentir. E assim que pensei nisso senti-me afortunado. Porque acreditava de facto ter mais do que a esmagadora maioria das pessoas afirma ter.

"15 talvez... cerca de 15... não sei... talvez menos... aqui pelo menos tenho a certeza que estão 2!" - retorqui. Não foi um número pensado mas foi sincero. Ambos responderam acreditar terem menos de 10...

A verdade é que eu estava perante 2 amigos de "A" grande. Eu sabia isso e eles também. Tentei em vão ocultar o quão emocionado fiquei e como tal não pude deixar de soltar uma lágrima ou duas. Mas os meus não foram os únicos olhos lacrimejantes...


PS: no final de escrever este "post" abri o notepad e escrevi o nome de todos os que considero meus amigos. São 11... afinal não estava assim tão longe!

3 comentários:

Anónimo disse...

Conforme o prometido, vim aqui espreitar o teu espacinho, o teu pedaço de confissão. Confesso que esperava encontrar mais um daqueles blogs repletos de histórias de aventura (das quais que desde que o blog teve início, ou seja, à 5 dias, não podia ter muito :P) mas não, e isso foi uma surpresa...foi como ler uma crítica aos meus pensamentos. É bom saber que não estamos sozinhos nas ponderações que fazemos ao nosso mundo emocional...que apesar de únicos neste mundo somos também iguais em tantas coisas! Um bem haja :D Sara

Anónimo disse...

Amigo!
Que bem que sabe partilhar-mos as ideias, explorarmos os conceitos, aprofundarmos os sentimentos.
Saí mais rico daquele pedaço de tempo.
Quando cheguei estava um pouco em baixo, e sem sequer falar do meu problema, saí com a moral levantada.
Senti-me rico...Riqueza de ter Amigos.
Falas que o Amor e a Amizade se confundem, pois talvez, porque aos Amigos se Ama.

Obrigado César, por seres quem és, por ter o previlégio de me considerares teu Amigo.

Abreijo.
;)

Unknown disse...

Amigos... como se pode definir a palavra amigo com “A” maiúsculo, (sim, porque com “a” minúsculo há muitos e muitas formas de definir).
Tu definis-te bem, sim o que disses-te não está errado, não está incompleto, as pessoas conforme a vida que têm, e o que lhes é imposto na vida, definem palavras de maneira diferente...
Para mim de certo modo até é difícil, porque nunca tive Amigos, tive pessoas interesseiras, que queriam sempre algo de mim...
Eu considero Amigos, aquelas pessoas que se sentam ao teu lado e te ouvem.. ouvem.. ouvem... e no fim não te julgam... e até te dão conselhos, que tu mesmo se não os seguires, elas estão sempre lá...
Eu considero Amigos.. anjos da guarda, quando estás em baixo eles elevam-te e fazem-te rir e esquecer os problemas...
Eu considero Amigos, pessoas sábias... não é porque te dizem o que fazer... mas porque são pessoas que já passaram pelos teus problemas e te podem ajudar a ultrapassa-los... e te metem a mão na cabeça e dizem “vais ver que vai correr tudo bem”, porque sabem... porque muitas vezes já conhecem mais da vida que tu... ou talvez não sabem, e precisam de ti para saberem...
Eu considero Amigos, pessoas com quem te “abres” sem querer, pessoas a quem queres contar tudo o que aconteceu... mesmo que sejam coisas boas, pessoas simples... que só querem ser felizes... mas que para o serem precisam de ti...
Agora, consigo definir o que é um Amigo... tenho poucos..4.. mas são aquelas pessoas que eu sei que me podem ajudar nos momentos mais difíceis, e aquelas a quem quero contar tudo... mesmo que seja o meu maior defeito... a minha maior loucura... porque sei que eles não me vão julgar... e que vão estar sempre lá para mim...

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